[ P A R Ê N T E S I S ]
Perdi o hábito de escrever... criei o blog na esperança de voltar a fazer estórias, mas a verdade é que só tenho ido buscar coisas velhas ao fundo da gaveta. Coisas que fazem parte de quem sei que sou, é certo, mas nada de novo.
Não tenho um caderno azul (como o B.), nem vermelho, nem amarelo... tenho vários, cheios de caligrafias diferentes, porque escritas em momentos diferentes, e só um está terminado. É de 1997. Gostava muito de escrever nessa altura, quando tudo parecia ser sempre... muito. Muitos ideais, muitas emoções, muitas desilusões, muitas gargalhadas. Muitos muito.
É inevitável o crescimento. Do pouco que sabemos que somos.
De repente, olhamos para as mãos e percebemos que as suas linhas se tornaram diferentes. As patetices de afirmação pessoal ficam para trás. Os joguinhos de sociabilização também. Passamos a jogar com outras cartas. E com outras caras.
Há, certamente, caras que ficam presas à nossa vida com teimosia, com quem aprendemos, certamente, alguma coisa, todos os dias.
Há outras que nos dizem apenas uma palavra, que muda para sempre a nossa maneira de sorrir. Ficamos a agradecer-lhes, eternamente, com esses sorrisos novos, apesar de nunca mais as voltarmos a encontrar.
Depois, há ainda as outras tantas. As que passam. As que nem reconhecemos, quando nos sentamos ao seu lado no comboio ou nalguma fila de espera.
É inevitável o esquecimento. Do que não é importante.
Somos feitos de fragmentos dessas estórias que ficam no fundo das gavetas. Das boas e das menos boas. É salutar chorar, não se deve nunca ter medo disso. O corpo precisa equilibrar as emoções. Mas também é salutar enfrentar positivamente as experiências más. Há muito a aprender. E o que não nos mata, torna-nos mais fortes. Muito mais fortes. É a :: atitude do sol ::
Reunir os fragmentos é uma das partes difíceis. Conseguir conciliá-los, ainda mais. Há alguns que parecem tão contraditórios! Como raio vamos fazer uma estória com eles?! [dica culinária: torradas com manteiga e mel ou queijo flamengo derretido na sopa, por mais estranho que pareça, conseguem ser autênticos manjares dos deuses, por isso...]
Mas ninguém disse que não podemos reciclar o que queremos guardar como nosso. De vez em quando, sabe bem reformularmos o que temos no fundo das gavetas. Deitar fora o que passou da validade e arranjar espaço para as coisas novas. Acabar com o que nos irrita, de uma vez por todas. O que nos faz mal, de alguma forma, não nos deve servir.
Em todo este processo, o de fazermos a nossa própria estória para procurarmos outras novas, só é preciso assumirmos quem sabemos que somos. E sermos INTEIROS.
4 Comments:
Recordo precisamente o que não quero; e não consigo esquecer o que desejo.
Cícero
Gostei especialmente do Título, que só li no final.
tenho de te arranjar um caderno...:-)
obi-kan: "assumirmos quem sabemos que somos" significa assumirmos o bom e o mau. Só assim somos inteiros.
As coisas têm sempre mais do que uma perspectiva, cabe-nos a nós escolhermos a positiva ou a negativa...
Se Cícero escolheu a negativa, é lá com ele.
Eu escolho a positiva. Que tb é cá comigo.
Gostei muito deste teu [PARÊNTISIS]... não estás nada enferrujada! ;) Continua!!!
Beijoca amiga
E... desculpa lá Brunito, mas eu é que tenho de lhe arranjar um caderno! :P
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