quinta-feira, dezembro 22, 2005

I S S O

Para o B.
Há sempre uma altura em que nos apercebemos que os nossos pais não são o supra-sumo, que têm falhas, que nos incutiram a nós essas falhas, que nós os odiamos por isso, por não serem perfeitos... e acabamos por duvidar de nós próprios em relação a tudo (ao mundo, aos outros, às outras, à nossa orientação sexual, às nossas relações...).
Mas, no fundo, as nossas dúvidas, os nossos existencialismos fazem parte de todo um processo que nos levará mais além, um dia...
Só que, enquanto não sabemos que é só um processo, ficamos angustiados por não percebermos porque somos assim, porque reagimos assim, porque não temos companheiro(a), será que o problema está em mim?, será que não presto mesmo para nada?, será que ninguém nunca gostará de mim como sou?
E, ao separarmo-nos da imagem dos nossos pais, ficamos um tanto ou quanto à deriva à procura da nossa própria imagem e pensamos, pensamos, pensamos... na expectativa de encontrarmos uma só linha de pensamento que nos possa definir perante nós e perante o mundo...
... e... ninguém disse que era fácil...
Às tantas, acabamos por culpar a nossa infância de gestos menos nobres que possamos ter... e isso não é solução. Claro que a infância nos marca a níveis muito profundos (nem sempre sabemos quais), mas a partir do momento em que nos apercebemos onde está o problema só podemos olhar em frente e ultrapassá-lo, porque estando sempre com desculpas na ponta da língua não vai ajudar em nada, bem pelo contrário. É atirar pó para os próprios olhos.
E é por isso que as nossas vidas são sempre um bom tema para um livro, mesmo que aos olhos das outras pessoas não sejam nada de especial. Nada de especial por serem perfeitamente normais. Porque já todos passaram por I S S O ou por aquilo.
Terça-feira, 30 de Setembro de 2003

1 Comments:

Blogger Obi-Kan Pereirinha said...

a minha vida dava um livro interessante sobre o existencialismo, a dúvida e decerto seria um best-seller dentro da sua gama.

dezembro 27, 2005 6:22 da tarde  

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