...:suspiro em frágil sustenido:...
Morre-se apenas uma vez de cada vez. E nunca nenhuma delas é a última.
Quantas mais mortes, pergunto eu. Quantas?, para que o mundo comece a não parecer frágil?
Dou-me conta que me esqueci de procurar a Lua, esqueci-me de mergulhar, esqueci-me de criar outros arco-íris, outros meninos-dos-olhos, outras paisagens por onde estender o olhar e demorar-me por lá.
Apanhei demasiados comboios, que iam sempre dar ao mesmo sítio. Esqueci-me de percorrer a pé outros apeadeiros.
Esqueci-me de dançar na hora do recolhimento, esqueci-me de chorar com a chuva. Esqueci-me de não ter pressa.
E, por isso tudo, morro de novo... para me lembrar que sou frágil.
...morremos sempre que nos esquecemos...
...morreremos ainda mais quando for a última vez.