quinta-feira, novembro 30, 2006

...:suspiro em frágil sustenido:...

...:fragilidades:...
Morre-se apenas uma vez de cada vez. E nunca nenhuma delas é a última. Quantas mais mortes, pergunto eu. Quantas?, para que o mundo comece a não parecer frágil?

Dou-me conta que me esqueci de procurar a Lua, esqueci-me de mergulhar, esqueci-me de criar outros arco-íris, outros meninos-dos-olhos, outras paisagens por onde estender o olhar e demorar-me por lá.

Apanhei demasiados comboios, que iam sempre dar ao mesmo sítio. Esqueci-me de percorrer a pé outros apeadeiros.

Esqueci-me de dançar na hora do recolhimento, esqueci-me de chorar com a chuva. Esqueci-me de não ter pressa.

E, por isso tudo, morro de novo... para me lembrar que sou frágil.

...morremos sempre que nos esquecemos...

...morreremos ainda mais quando for a última vez.

domingo, novembro 26, 2006

Em Tom Sépia

Sinto uma fotografia dentro do peito que quero colorir com detalhe.
A imagem que retenho está cheia de pó. Precisa de alguns retoques.
Os espaços em branco vão passar a ser azuis e o pôr-do-sol da minha janela vai ser arroxeado e vermelho-fogo. Como o meu coração. Que amanhece todos os dias e que raramente vejo.
...acho que vou passar a acordar mais cedo...