sexta-feira, dezembro 23, 2005

Fósforo Ano Novo

Boa Páscoa e um Fósforo Ano Novo!
E em 2006:
1. Comprar fósforos novos
2. Acender a vela interior as vezes necessárias
3. Pular e dançar até de madrugada, nas noites de lua cheia
4. Sorrir muito
5. Beijar ainda mais
6. Inspirar fundo a vida
7. Não cortar o cabelo em qualquer lugar
8. Dar piparotes no nariz de quem se gosta
9. Viver muitos momentos kodak
10. Beber muita água
11. Fazer caretas quando a comida fôr má
12. Dar muitas razões ao coração para bater forte
13. Passear com os olhos abertos e as mãos dadas
14. ... e o resto fará história :o)

quinta-feira, dezembro 22, 2005

I S S O

Para o B.
Há sempre uma altura em que nos apercebemos que os nossos pais não são o supra-sumo, que têm falhas, que nos incutiram a nós essas falhas, que nós os odiamos por isso, por não serem perfeitos... e acabamos por duvidar de nós próprios em relação a tudo (ao mundo, aos outros, às outras, à nossa orientação sexual, às nossas relações...).
Mas, no fundo, as nossas dúvidas, os nossos existencialismos fazem parte de todo um processo que nos levará mais além, um dia...
Só que, enquanto não sabemos que é só um processo, ficamos angustiados por não percebermos porque somos assim, porque reagimos assim, porque não temos companheiro(a), será que o problema está em mim?, será que não presto mesmo para nada?, será que ninguém nunca gostará de mim como sou?
E, ao separarmo-nos da imagem dos nossos pais, ficamos um tanto ou quanto à deriva à procura da nossa própria imagem e pensamos, pensamos, pensamos... na expectativa de encontrarmos uma só linha de pensamento que nos possa definir perante nós e perante o mundo...
... e... ninguém disse que era fácil...
Às tantas, acabamos por culpar a nossa infância de gestos menos nobres que possamos ter... e isso não é solução. Claro que a infância nos marca a níveis muito profundos (nem sempre sabemos quais), mas a partir do momento em que nos apercebemos onde está o problema só podemos olhar em frente e ultrapassá-lo, porque estando sempre com desculpas na ponta da língua não vai ajudar em nada, bem pelo contrário. É atirar pó para os próprios olhos.
E é por isso que as nossas vidas são sempre um bom tema para um livro, mesmo que aos olhos das outras pessoas não sejam nada de especial. Nada de especial por serem perfeitamente normais. Porque já todos passaram por I S S O ou por aquilo.
Terça-feira, 30 de Setembro de 2003

terça-feira, dezembro 20, 2005

Crónica do Umbigo - Post Scriptum

Nem de propósito. Fui ver The Constant Gardener, de Fernando Meirelles. Sobre os testes farmacêuticos em populações desprotegidas.
Dizem as críticas que é uma história de amor. De amor à verdade, digo eu.
Quanto mais se escarafuncha, mais vontade se tem de escarafunchar. Mas menos vontade se tem de acreditar que o Homem é, por natureza, bom.
Será melhor arriscar ser ignorante, mas feliz?
Será melhor abdicar desse amor à verdade, só para que o mundo nos pareça bonito? Não se tratará de um grande A M O R se assim fôr.
"Leve em consideração que grandes amores e conquistas envolvem grandes riscos"
Dalai Lama

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Crónica do Umbigo

Vou salvar o mundo. Amanhã. Amanhã, vou salvar o mundo.
Crescemos cheios de ideais. Ficamos com o sangue a ferver de rebeldia perante as maiores atrocidades que a raça humana é capaz de fazer a si própria. Achamos que podemos mudar o mundo. Achamos que, se toda a gente pensasse como nós, o mundo seria perfeito e não haveria misérias nem injustiças. Achamos ter a força suficiente para nos fazermos ouvir.
Depois, tentamos encontrar-nos a nós próprios e ao nosso sentido no mundo. Voltamos a achar que somos grandes que baste para, de novo, querermos mudar o mundo. Queremos tirar toooooda a poeira dos olhos. Saber toooooda a verdade sobre as coisas. E assumir para nós essa verdade. A pouca verdade a que conseguimos aceder.
As teorias da conspiração andam a dominar a contra-informação (e não me refiro aos bonecos das PF): o ataque de 11 de Setembro auto-induzido pelos EUA por causa dos negócios petrolíferos, o tsunami provocado pela mais alta tecnologia para desviar o planeta o suficiente para que em 2014 não sejamos atingidos por um cometa, a gripe das aves, cuja vacina já tinha sido criada antes mesmo de ouvirmos falar em tal coisa, a SIDA... sim, a SIDA... esse vírus que foi lançado para acabar com os homossexuais e que se descontrolou (por lapso, os bissexuais foram ignorados)... essa doença tornada crónica pelas indústrias farmacêuticas não é incurável, mas rentável.
E, perante estas verdades, o sentimento de impotência é de tal ordem que só nos resta voltarmos a querer mudar o mundo. Com ideais muito mais fortes e muito mais fundamentados. E com uma voz bem alta para que todos saibam que andamos aqui a ser enganados. Por aqueles que, como nós, também sentiram o sangue a ferver de rebeldia.
Mas a impotência vence e fica a angústia de, afinal, não sermos grandes o suficiente para nos fazermos ouvir.
É muito duro sacudir o pó dos olhos, principalmente, se não tivermos uns óculos côr-de-rosa para melhorar um bocado a visão. Então, só nos resta mudar o nosso pequeno mundo. Aquele em que somos apenas um enorme U M B I G O.
Mas amanhã à noite não. Amanhã à noite é para a borga!